sexta-feira, 20 de abril de 2012

Empreendedores, turismo e setor aéreo. Oportunidades e lições aprendidas


20/04/2012 - 07h00

Seriam passageiras as nuvens escuras no setor aéreo?

Rose Mary Lopes*
Do UOL, em São Paulo
Na semana passada, abordamos oportunidades no mercado de turismo. Nos últimos anos, graças a uma conjunção de fatores, tais como: aumento de renda, decréscimo de preço de passagens, maior competitividade entre empresas, facilidades de compra e de crédito, obtivemos um crescimento substancial de passageiros aéreos.

Cresceu para 180 milhões em 2011, e as perspectivas para este ano são de um aumento percentual de 7,5%, de acordo com a agência Standard & Poor's, em relatório recém-lançado, que mostra que teremos muito que investir para melhorar a nossa infraestrutura aeroportuária.

De fato, a comparação com aeroportos de outros países nos deixa muito aquém em termos de tamanho, número de terminais, número de fingers, facilidades para os passageiros, estacionamento, instalações, lojas de duty free e etc.

Recentemente, em viagem para um país bem mais pobre do que o nosso -– Egito –- nos deparamos com aeroportos (Cairo, Assuã, Luxor) bem melhores. Isso para não nos humilhar com a comparação com o aeroporto de Istambul.

Por outro lado, ações do governo apontam para a privatização de aeroportos, sendo que três dos mais importantes já foram leiloados, e vamos torcer para que os investimentos prometidos sejam realizados.

E que o governo faça a sua parte investindo na melhoria da outra infraestrutura tão ou mais importante para os turistas internos e externos: controle do espaço aéreo, proteção de voo e infraestrutura aeronáutica.

Quanto ao setor privado, as companhias aéreas ampliaram a frota e a oferta, entraram em guerra de preços, e aumentaram o número de passageiros (não tanto quanto imaginavam), mas foram pegas no contrapé com um importante aumento em suas despesas, principalmente com querosene e tarifas aeroportuárias.

E, o público fica atônito ao saber que, a despeito do crescimento de passageiros, as duas maiores companhias aéreas brasileiras –- TAM e GOL -- acumularam juntas, no ano passado, um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão de reais.

Diante disto, tiveram e têm de tomar ações para fazer com que seus resultados melhorem o que parece estar implicando em redução de frota, redução de oferta de assentos e aumento de tarifas.

Decerto que essas notícias refreiam o otimismo das previsões realizadas por relatórios como o da Standard & Poor's. E certamente arrefecem um tanto o ânimo dos muitos empreendedores envolvidos na cadeia do turismo brasileiro: agências de viagem, hotéis, restaurantes, empresas de transporte, empresas de turismo receptivo, etc.

Resta-nos acompanhar como os principais envolvidos nas decisões dos rumos e voos –- governo e setor privado –- irão se posicionar, e torcer para que as nuvens escuras que pairam sobre o setor aéreo possam se desfazer, condição para que toda a cadeia de turismo usufrua de um céu de brigadeiro.

13/04/2012 - 07h00

Oportunidades no mercado de turismo

Rose Mary Lopes*
Do UOL, em São Paulo
O Brasil tem atraído cada vez mais o interesse internacional desde que se tornou, ao lado de outros países, um dos centros econômicos de maior dinamismo. Daí estar recebendo mais investimento, mais empresas internacionais procurando fazer negócios aqui, mais viajantes a negócio, mais shows e espetáculos internacionais e mais turistas estrangeiros.

Em 2011 recebemos 5,4 milhões de turistas, que gastaram US$ 6,775 bilhões: um crescimento de 14,4% em relação a 2010. Comparativamente, no ano passado, nós brasileiros gastamos US$ 21,2 bilhões no exterior.

Ou seja, ainda temos muito a fazer no sentido de atrairmos mais turistas para cá, e também aumentamos as possibilidades para que eles experimentem coisas nossas, vivenciem, saboreiem, conheçam, viajem e adquiram produtos made in Brazil.

Sabemos que o turismo depende muito da melhoria da infraestrutura do País. Mas pensemos, principalmente, no lado do empreendedor. Carecemos muito, por exemplo, de hotelaria, tanto nas grandes cidades como no entorno delas e também nos diversos destinos turísticos.

O governo reconheceu isso e, para esse ramo, no Plano Brasil Maior ampliado ao turismo na semana passada, oferece a substituição da contribuição patronal de 20% ao INSS por 2% sobre o faturamento.

Ou seja, quem pretender empreender em hotelaria deverá fazer a sua pesquisa, verificar as carências existentes na sua região, fazer os seus cálculos e configurar bem a sua oportunidade.

Em princípio, as necessidades são para os vários tipos de hospedagem. Quem viaja sabe que há falta de leitos nas principais cidades brasileiras e também que os nossos preços têm sido bem superiores aos praticados fora daqui, quase não importando o país de comparação.

E, se a procura for por hotéis e pousadas com preços econômicos, mas com ambientes agradáveis, limpos e seguros e nível de serviço adequado para a categoria, veremos que há uma enorme carência de leitos.

Mas lembre-se de treinar seu pessoal, sobretudo no que se refere a idiomas. Aliás, o governo já está oferecendo diversos cursos pelo Pronatec Copa, incluindo os de idiomas!

30/03/2012 - 07h00

Cultura regional é fonte rica de diferenciais criativos e agrega valor

Rose Mary Lopes*
Do UOL, em São Paulo
Parte do patrimônio de um povo é sua diversidade cultural, que abrange vários aspectos incluídos na hoje reconhecida economia criativa. Esta envolve diversas vertentes: folclore, música, artesanato, modos e modas de vestir e gastronomia.

O interessante é que essas vertentes oferecem fontes de vantagem competitiva pelo fato de, no geral, tratarem-se de formas de expressão distintivas e únicas.

Entretanto, alguns desses aspectos ou manifestações não são valorizados pelos locais ou até mesmo pelos brasileiros. Pela razão de serem nossas, estarem sempre lá, de as pessoas crescerem expostas a elas, parece que não atribuem o devido crédito e significado de identidade e orgulho. Daí não as perceberem como oportunidade de transformação e de fonte de renda.

Em relação ao artesanato, lembro-me da renda do tipo renascença confeccionada em vários pontos do Nordeste. Várias vezes sem material de qualidade, faltando melhoria no design e ausência de inovação.

Sem ter ciência das possibilidades de agregação de valor ao seu produto, o que as rendeiras podem obter como sustento é pouco.

Contudo, surpreende mesmo a constatação do que se pode adicionar como valor a esse artesanato. Aparecendo a inovação em pontos novos, no design, nas combinações com tecidos mais nobres (exemplo do linho) e no estilo podem ser criadas peças lindíssimas, de valor elevado e únicas. É o que faz empresa a empresa Fátima Rendas vendendo esses produtos em lojas nos aeroportos.

Creio que esse esforço possa ser potencializado por nossos estilistas e pela indústria da moda. Bastaria incorporar o trabalho de nossas artesãs, ajudando assim construir uma moda com maior valor e toques de autenticidade e brasilidade.

E por que não envolver nossas topmodels e celebridades como forma de ajudar na divulgação e valorização das nossas rendeiras? A renda nacional agradeceria!

23/03/2012 - 07h00

Lições aprendidas em uma competição de planos de negócios

Rose Mary Almeida Lopes*
Aproveito para refletir sobre as lições aprendidas durante a final de uma das competições de planos de negócios mais conceituadas no mundo -- a Latin Moot Corp -- atividade coordenada pelo Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV. Em jogo estavam: a possibilidade de ir para a final em Austin, Texas (EUA), com um prêmio final de US$ 100 mil e despertar o interesse de investidores ao longo de todo o processo.
Participavam cinco planos de negócios muito interessantes e direcionados para áreas distintas, por exemplo: aplicação de nanotecnologia à agricultura e oferta de refeições rápidas em caminhões adaptados no centro de grandes cidades. As equipes eram do Brasil, Argentina e Colômbia.
Além da longa maturação desses planos pelas equipes de empreendedores, em uma das etapas da competição, houve a apresentação deles para especialistas. Estes puderam questionar e apontar questões não suficientemente desenvolvidas, e os empreendedores tiveram como aperfeiçoar seus planos para a final da qual participaram representantes de relevantes fundos de investimento.
Os investidores enfatizaram a importância de comunicar claramente o modelo de negócio concebido, situando o problema resolvido, a proposta de valor para qual tipo de cliente, demonstrando como se daria a monetização e as perspectivas de crescimento do negócio.
Recomendaram que os empreendedores devessem fugir de modelos mal definidos ou que ofertassem um pouco de tudo. Exemplo: não há como ter energia, recursos e tempo para desenvolver um site de relacionamento, ser um portal de informações e fazer e-commerce.
Portanto, é preciso analisar cuidadosamente o mercado e situar lacunas ou possibilidades de entrada com menor concorrência. E, discutir seu plano com outras pessoas para ter certeza de que seu modelo está muito bem delimitado, realista e consistente.

09/03/2012 - 07h00

Ideia ou ideias? Oportunidade ou oportunidades?

Rose Mary Lopes*
Do UOL, em São Paulo
Normalmente, ao falar de empreendedorismo, focaliza-se a ideia de negócio, se seria uma real oportunidade para criar um diferencial e um empreendimento que entregue valor para competir, sobreviver e crescer. E, de pronto, a gente se pega falando de plano de negócio.
Daí para frente, a discussão é pouca e o empreendedor se vê meio órfão. Parece que nos esquecemos de falar que, desde o início do empreendimento, ele ou os sócios vão ser, eternamente, rastreadores de ideias e buscadores de oportunidades, tendo que lançar mão de vários recursos e meios para isso.
Pois a empresa precisa evoluir, apresentar produtos ou serviços novos, ou, no mínimo, aperfeiçoados, dado que se não oferecer algo a mais para os clientes, os concorrentes poderão atraí-los!
Como fazer isso e gerir tudo ao mesmo tempo? Necessariamente o empreendedor não pode perder a sensibilidade do mercado. Mesmo que tenha quem contate os clientes, é saudável ter um canal de comunicação aberto, fazer visitas, telefonar, dialogar quando estão no seu estabelecimento.
Sempre obtenha a avaliação deles sobre o atendimento que estão recebendo. Peça sugestões. Acompanhe os problemas e reclamações. Não se esconda ou se defenda, examine-os com isenção para buscar a solução.
Fique de olho nos concorrentes, veja o que estão fazendo e oferecendo. Mais do que isso, leia, procure informações sobre o seu setor de negócio e até mesmo outros, para ter inspiração. Saiba que a mãe da criatividade são os problemas, mas que seu combustível é a informação.



Rose Mary Lopes, Professora e coordenadora do núcleo de empreendedorismo da ESPM

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